Colares é uma freguesia do município de Sintra e uma das 9 Denominações de Origem da Região Vitivinícola de Lisboa.

Na realidade, é uma micro-região encravada entre a serra e o mar, produtora de vinhos elaborados a partir de castas autóctones plantadas diretamente na areia, suportadas, aqui e ali, por umas pequenas estacas, e protegidas dos ventos marítimos por umas frágeis paliçadas. 

 

 

Produz castas tão peculiares, que não se encontram em mais parte nenhuma do mundo, e que transmitem aos vinhos um carácter vincado e altamente longevo. 

Foi precisamente em Colares que provei, até hoje, o vinho tinto mais antigo e um dos brancos mais antigos também. Ambos da Adega Viúva Gomes. O tinto era de 1931 e o branco de 1969. 

Elaborados a partir das castas Ramisco e Malvasia de Colares, respetivamente, impressionavam pela robustez ainda exibida. 

Corria o ano de 2014, e um tinto com 83 anos, mostrava-se, ainda, com taninos ativos e um corpo notável. A cor denotava já alguns laivos acastanhados e o aroma, algumas notas de evolução. Na boca estava impressionantemente vivo. Sabores terrosos, como cogumelos e trufas, e algumas notas de caruma e mato seco, dominavam o conjunto. 

 

 

O branco de 69 também me impressionou pela forma exibida. De cor já ligeiramente acobreada, possuía, ainda, um nariz muito fresco e uma boca com muitas notas de mel e maçã cozida.

Colares é Denominação de Origem Controlada desde 1908, a região Demarcada mais ocidental da Europa Continental e a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos do país.

Pelas suas características ímpares, Colares é umas das regiões que mais me fascinam. Em meados do século XIX, chegava à Europa uma praga que destruiu grande parte das vinhas de França, Itália, Espanha e, naturalmente, também de Portugal.

 

 

Essa praga ficou conhecida como filoxera e atuava através de um insecto que atacava a raiz das vinhas. Foi precisamente isso que permitiu a sobrevivência às vinhas de Colares. Plantadas em solo de areia e em grande profundidade, encontravam-se em ambiente muito pouco atraente para aquele parasita. 

A profundidade da plantação em areia, não só protege as vinhas dos ventos marítimos, da brisa salgada e da humidade, como também de uma escavação perfeita por parte de um organismo invasor. Por muito que cavasse, a areia acabava sempre por o soterrar.

Quero acreditar que Colares não está na lista negra das regiões vitivinícolas em risco de extinção. Fiquei contente por perceber na minha última visita à região, no passado mês de Setembro, que existem produtores a plantar mais vinhas em areia.

 

 

Os vinhos de Colares (DOC Colares) só podem ser provenientes de “chão de areia”, permitindo incorporar apenas 10% de uvas do chamado “chão rijo”.  A legislação estabelece um estágio obrigatório mínimo de 18 meses em madeira, seguido de 6 meses em garrafa para os vinhos tintos e de 6 e 3 meses, respetivamente, para brancos. 

O vinho tinto de Colares é ainda hoje feito de acordo com as técnicas tradicionais, sendo composto de cerca de 80% de uvas da casta Ramisco. 


 

Não sendo consensual, é uma das castas portuguesas com mais personalidade. Dá origem a vinhos de cor aberta, corpo médio, baixo grau alcoólico, acidez vincada e tanino algo duro. É preciso tempo para domar a energia do Ramisco. É uma casta muito tardia não só na maturação, mas também nas fases do abrolhamento, floração e pintor.

No que ao enoturismo diz respeito, Colares mostra-se uma região muito apetecível. A peculiaridade dos seus vinhos, associada à sua proximidade a Lisboa, fazem de Colares um destino obrigatório.

Dentro dos produtores da região, destacamos a Adega Regional de Colares e o Casal de Santa Maria.

 

 

A Adega Regional de Colares fica no centro da vila, e é o grande bastião dos Vinhos Colares. Fundada em 1931, é a adega cooperativa mais antiga do país e, provavelmente, uma das mais charmosas.

É um local de visita obrigatória. Uma espécie de museu dos vinhos da região. O atual responsável pela enologia da AR Colares, Francisco Figueiredo, é também o grande mentor dos vinhos Colares da atualidade.

 

 

Associado a tempos mais modernos, o Casal de Santa Maria, é também um grande projeto enoturístico da região. Situada em Almoçageme, muito perto do mar, esta quinta possui as vinhas mais ocidentais da Europa Continental. 

Projeto iniciado pelo barão Bodo von Bruemmer, quando este tinha 96 anos. Morreu em 2016, com 105 anos, altura em que foi substituído pelo seu neto, Nicholas Von Bruemmer.

 

 

No Casal de Santa Maria, poderá, não só, provar os vinhos típicos de Colares, como também os restantes vinhos do seu portefólio. Com a WINEnROUTE, terá a oportunidade de ficar a conhecer as particularidades da região, através de um programa que lhe mostrará a tradição e a modernidade, a história e a realeza, associando o vinho, a gastronomia e a cultura, num blend único e exclusivo. 

Colares – I definitively have a crush on you! 

Olga Cardoso                                                         
 

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