O nome desta quinta duriense não é só Quinta Nova, como vulgarmente é conhecida, mas sim Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Um nome grande, que por vezes suscita algumas dúvidas junto dos diferentes visitantes.  

Uma vez chegados à quinta e olhando para a fachada da sua histórica adega, que exibe a data de 1764, é frequente os enoturistas perguntarem como é que a quinta se chama Quinta Nova se na realidade é do século XVIII?! 

A resposta é simples. A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo nasceu na primeira metade do século XVIII, e é o resultado da junção de duas velhas quintas. Dessa junção surgiu uma nova quinta e daí o nome Quinta Nova.  

A designação Nossa Senhora do Carmo relaciona-se com a Santa Padroeira da capela localizada na propriedade, junto à margem do rio Douro. Naquela, à época, agitada e perigosa zona do rio, os tripulantes dos barcos rabelos eram vítimas de frequentes naufrágios, suplicando pela proteção daquela santa.  

Assim, e na sequência de uma promessa dos mareantes, foi construída a pequena capela, albergando uma imagem em pedra daquela padroeira e renomeando a propriedade para Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. 

Nas mãos da família Amorim desde 1999, esta propriedade é atualmente gerida pela 4ª geração da família, designadamente por Luísa Amorim. A Luísa é uma das grandes responsáveis pelo incremento do enoturismo no Douro e, mais recentemente, também no Dão. A Quinta da Taboadella iniciou a sua atividade em 2020 e será certamente uma lufada de ar fresco para aquela região vitivinícola. 

Recentemente, a Quinta Nova integrou a famosa cadeia internacional Relais & Châteaux, conhecida em todo o mundo por celebrar a “art de vivre”, sendo o único projeto hoteleiro do Douro a poder exibir aquela prestigiante insígnia.  

A sua Winery House abriu em 2005, tornando-se a primeira Quinta no Douro, e em Portugal, a abrir um hotel dedicado à temática de vinho. Neste novo membro da Relais & Châteaux, tudo está preparado para proporcionar o conforto de uma grande casa de família que também é produtora de vinhos.  

Os recantos, interiores e exteriores, o património historicamente edificado, as experiências desenhadas ao detalhe, tudo foi pensado para transmitir a paz de um lugar único, em pleno Vale do Douro, numa das regiões vitivinícolas mais antigas do mundo e a primeira a ser regulamentada e demarcada, em Setembro de 1756. 

A oferta de atividades da Quinta Nova é realmente muito completa, incluindo, entre outras, caminhadas por circuitos certificados, passeios de barco e experiências na vinha e na adega.  

O seu restaurante Terraçus’s é o lugar ideal para relaxar e aproveitar a vida, desfrutando dos grandes vinhos produzidos na propriedade e apreciando os seus pratos delicados, de uma gastronomia fresca, textural e saborosa, servida com naturalidade e atenção ao detalhe. 

Possuí diferentes provas de vinhos, destacando-se a Prova Robert Parker Icon, uma prova única que se caracteriza por ser composta por vinhos referenciados com mais de 94 pontos na prestigiada publicação “Robert Parker Wine Advocate”, que retrata a excelência dos vinhos icónicos da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. 

Outro ex-libris da quinta é o seu Wine Museum Center, resultante do acervo recolhido pela colecionadora Fernanda Ramos Amorim, atual matriarca da família. Representa o ciclo produtivo do Vinho do Porto, com peças dos séculos XIX e XX inventariadas pela Fundação Museu do Douro e constitui um espólio único exposto em Portugal, reconhecido em 2018 pela Associação Portuguesa de Museologia com o prémio de melhor “Coleção Visitável”. 

Sou uma grande apreciadora dos vinhos produzidos por esta quinta, cuja viticultura está a cargo de Ana Mota e a enologia de Jorge Alves, um dos casais mais simpáticos e talentosos do Douro. 

Na impossibilidade de falar sobre todos os vinhos ali produzidos, vou deixar aqui a minha opinião apenas sobre três deles, muito diferentes entre si, mas todos com o denominador comum – qualidade e diferenciação!

QUINTA NOVA ROSÉ 2020 

Na cor apresenta-se de um rosa-pálido, um tom a fugir para um salmonado intenso, à semelhança de muitos dos bons rosés franceses de La Provence. Possui um perfil aromático um pouco mais intenso do que as suas edições anteriores, com framboesas e groselhas em destaque. Notas a morangos frescos são também bastante evidentes. A sua prova de boca é uma mistura de frescura com sofisticação, fazendo dele um dos melhores rosés nacionais. Apresenta um corpo robusto, uma mineralidade perceptível nas suas notas de pedra molhada, uma acidez correta, tudo associado a uma delicadeza e um equilíbrio notáveis.  

MIRABILIS BRANCO 2019  

O Mirabilis é elaborado com uvas de pequenas vinhas centenárias onde predominam o Viosinho e o Gouveio, mas também variadíssimas outras castas de escassíssima produção, já quase inexistentes na região do Douro. Com uma cor amarela cítrica intensa, este branco revela uma enorme grandeza aromática. Laranja e flor de laranjeira no primeiro embate, seguidas por notas mais tropicais, passando por ligeiros e elegantes fumados e terminando com notas intensas de pedra molhada, revelando o seu enorme caracter mineral. A sua boca é absolutamente perfeita, revelando a presença de fruta de enorme qualidade, um corpo quase mastigável e amparado por uma madeira bem integrada, uma acidez al dente e um final longo e persistente. Não tenho receio nenhum de assumir que considero o MIRABILIS, um dos grandes vinhos brancos portugueses! 

AETERNUS TINTO 2019  

Aeternus é uma homenagem a uma obra eterna, a um homem que amava a terra, a família, o trabalho. Américo Amorim foi um homem com uma intuição rara e única para o negócio, que iniciou a sua carreira profissional aos 18 anos na empresa familiar de cortiça e nunca deixou de lutar pelos seus ideais, elevando o setor da cortiça à liderança mundial, criando ao longo de seis décadas um grupo empresarial com um estatuto grandioso em Portugal e no Mundo. 

Proveniente de uma pequena vinha centenária, exibe grande complexidade, com os aromas primários de elevadíssima qualidade em destaque. Amoras e bagas silvestres, convivem com notas de menta e cacau. Especiarias e cedro são também percetíveis. Na boca é cremoso, de suave textura, com excelente frescura e grande persistência. Um vinho de enorme equilíbrio e concentração, num perfil de grande classe e sofisticação. 

A WINEnROUTE convida-o a visitar a majestosa e impactante região do Douro, oferecendo-lhe diversos programas exclusivos, que combinam cultura, natureza, gastronomia e vinhos de eleição, complementados por experiências únicas e inesquecíveis. 

Olga Cardoso 

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